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O maior surto que eu já dei vendo uma série

T1E2: Infectado

A Queen HBO nunca erra

Tem certas coisas que são impossíveis de serem catalogadas. Uma delas é explicar o sentimento de ouvir e ver uma história de 2013 que consegue se manter icônica e original com o passar de uma década. Como? Talvez a escrita profissional de dois GIGANTES como Craig Mazin e Neil Druckmann (Sou cadelinha dele, foda-se quem diz que ele é egocêntrico! Eu também sou e ninguém reclama). Posso dizer com TODA a certeza do mundo que MILHÕES de dólares ajudam na formação de uma peça de entretenimento como The Last Of Us, mas sem uma direção coesa e a conexão perfeita entre roteiro, execução e pós-produção, NADA aconteceria do jeito que vem sendo desde 15/01. 

O episódio 2 mostra de fato o propósito desse programa televisivo. Além de presentear os fanboys loucos (como eu) e apresentar a história de Joel e Ellie para novos expectadores, essa série veio para entregar, além de uma das melhores adaptações de videogame, a que mais acerta na questão originalidade. Desde os flashbacks que aprofundam o universo até as cenas mixadas do game que criaram uma nova forma de contar a mesma história tão conhecida desde 2013.

TEM SPOILERS DO EP AQUI!

Outra vez o prólogo é além de um flashback, uma aula de direção de horror (exatamente, HORROR, não TERROR. Horror é muito pior). Quando somos levados ao início de tudo, ao epicentro do problema, percebemos o quão aterrorizantes podem ser as falas do doutor no prólogo anterior sobre fungos e aquecimento global. A pesquisadora, inicialmente certa de que o Cordecyps não pode infectar humanos, termina a introdução aconselhando o militar que a acompanha à bombardear Jakarta o mais rápido possível. A palavra "Bomba" tremeu todas as bases do meu corpo. Como uma palavra de duas sílabas consegue ser mais horripilante do que gritos de terror? A certeza da iminente extinção da espécie humana deve ter corroído toda a psique daquela mulher, fazendo seu único e último pedido ser passar o tempo restante ao lado da família. 

Voltando ao "presente", a história basicamente segue as primeiras missões do jogo após Ellie ser apresentada. Não posso deixar de falar sobre a atuação maravilhosa de Bela Ramsey junto ao Pedro Pascal, que logo no começo já apresentaram uma relação carismática cheia de ironia e respostas cortantes entre si. 

Os ambientes, desde a cidade dominada pela natureza, o tão icônico prédio tombado e o inesquecível museu. Fiquei um pouco triste por terem trocado as cenas do prédio caído pelo hotel, mas entendo que adaptar todo aquele arco seria desnecessário para a narrativa como um todo, funcionando infinitamente melhor com um personagem controlável e ambientes exploráveis do que como um expectador passivo. Ainda sim, a troca pelas cenas no hotel apresentaram a aproximação, mesmo que pouca, de Joel e Ellie e plantou a sementinha da amizade na relação dos dois. Não esquecendo de Tess, aqui Anna Torv exibe TODO o seu talento misturando frieza e empatia, coragem e fraqueza.

Um dos pontos originais dos quais citei no inicio foi a mudança na forma de infecção. No game, o Cordecyps infecta pelos esporos, partículas que saem dos fungos presos às paredes, aos corpos totalmente tomados ou dos Baiacus, o maior nível de infecção alcançável. Na série, a mudança de esporos por uma mente fúngica coletiva entregou um perigo muito maior; o fungo cresceu sob a terra e as cidades, e quando qualquer ser entra em contato com os "tentáculos" enterrados, é emitido aos infectados próximos um sinal de presença, e assim se inicia uma caçada. Simplesmente aterrorizante.

A cena no museu é primorosa e um presente emocionante aos fãs. Ouvir aqueles estalos malditos outra vez, por mais estranho que pareça, além de arrepiar todos os pelos que eu não tenho no corpo, aqueceu meu coração. Os estaladores voltaram e piores do que nunca. A maquiagem, os movimentos, o sound design (design de som; aih fala em português), a tensão da cena e a atuação do trio Joel, Ellie e Tess; TUDO é impecável.

E chegamos ao derradeiro fim. O trio chega ao Congresso. Tess foi infectada e acredita ainda mais que Ellie é a solução para a reconstrução humana. O que foi aquilo? As mesmas falas, os mesmos confrontos pessoais e tensão crescente. Pela primeira vez foi apresentada a mente coletiva do Cordecyps, e após Joel matar um recém-infectado, os tentáculos do fungo se conectam ao morto e emitem a informação para uma horda gigantesca à quilômetros. Outra vez a originalidade dá as caras e MACETA. No game, Tess fica para trás distraindo soldados que os perseguiram desde a Zona de Quarentena. Aqui, Joel a abandona levando Ellie, jurando à parceira que levaria a garota para Bill, enquanto Tess se sacrifica para incendiar a horda que chegava.

Muitos dizem que o Beijo da Morte é grotesco e desnecessário. É desnecessário? Sim. Foi grotesco e aterrorizante? SIM! O beijo do infectado em Tess não foi para representar o último romântico da humanidade. Mais uma vez a mente coletiva do fungo foi ativada, e o perseguidor (outra fase de infecção), percebendo que o fungo também era presente nela, se conectou pelo meio mais fácil: a boca. É palpável a sensação horrível que ela deve ter passado antes de morrer. Imaginem estar cercada por humanos que não são mais humanos, deformados por um parasita, tendo tentáculos de uma planta entrando pela garganta, percorrendo seu corpo por dentro, infectando seu cérebro. Eu realmente pensei que ela sucumbiria antes de conseguir acender aquele isqueiro. Felizmente, mesmo que sofrendo essa terrível situação, ela morreu sem se transformar em algo pior.

ENFIM...

Resumindo tudo isso? The Last Of Us HBO AINDA tem exatamente TUDO para se tornar a melhor adaptação de videogame já feita. Nada mais.

Se você ainda não assistiu TLOU, não perde tempo, ô besta!



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